Hoje em dia existem teorias que tentam explicar o motivo pelo qual o homem registrava todas essas imagens, uma delas é a de que os moradores eram nômades e registravam o cotidiano daquela região para se comunicarem com os próximos moradores que passassem pelo local. Levando em conta todos esses fatos das primeiras experiências, podemos dizer que graffiti é todo risco, rabisco, traço (ordenados ou não), linhas, formas feitas em qualquer suporte que dê características de inscrição urbana.
Na verdade o graffiti pode ser usado para reivindicar direitos, para dizer o que se pensa, para se expressar artisticamente, mostrar o que outros meios de comunicação não mostram, denunciar questões sociais, propaganda de vários tipos, ou simplesmente riscar seu nome em um local para registrar que você esteve ali. Seguindo esse pensamento, há vestígios de que graffiti e pichação são a mesma unidade ou que o graffiti é uma linguagem única e a pichação é a ação de grafitar qualquer coisa que não agrade o receptor, principalmente se ele não conseguir entender essa escrita ou achar que se deve fazer um trabalho de acordo com seus gostos ou costumes.
Quem nunca leu mensagens escritas nas portas de banheiros públicos ou botecos? Todos acham legal, menos o faxineiro ou o dono do estabelecimento, e assim tudo o que a sociedade acha que é "ruim", que não combina com a estética da sociedade falsamente chamada de ideal, acabam chamando de pichação, que dentre outros significados também se resume em "falar mal de alguém" e vem da idade média, quando padres escreviam mensagens recheadas de palavrões nas paredes das igrejas de religião contrária, usando um líquido betuminoso chamado "piche" (que também era usado para queimar pessoas acusadas de bruxaria). Em se tratando de registros, existe um documento de 1932 que relata a escrita nas ruas, até 1968. Essa linha permanecia com poucas mudanças, mas nessa época ou alguns anos antes, os E.U.A. já estavam fazendo uma nova linha de escrita, seus objetivos eram marcar seus territórios com codinomes e no maior número de lugares possíveis. As gangues viviam em constante disputa com seus inimigos e tudo era "marcado": trem, muro, telefone, cesta de lixo...
Após ser "descoberta" pelo jornal "New York Times", a cultura do graffiti desenvolveu-se mais ainda devido as grandes disputas entre os escritores, já fazendo parte da recém criada cultura Hip-Hop, que já se espalhava pelo mundo. No Brasil, o graffiti existia em forma de protestos e propagandas, até que em 1978 foi registrado o primeiro graffiti, já indo para uma linha mais artística, trazida da França. No início dos anos 80, começa aparecer a mesma linha de graffiti que se originou nos E.U.A., mas com as disputas, em pouco tempo os "escritores" criaram um novo tipo de letra, com traços retos e diferente dos americanos, que faziam a assinatura mais arredondada. Infelizmente logo foi apelidado pela mídia de "pichação", e como tal, devia ser repreendida.
Na mesma época que surgiu essa nova escrita, aqui no Brasil já estava germinada a cultura Hip-Hop (vindo através de filmes e música). Assim a cidade era dividida entre os escritores que faziam só letras retas, os artistas plásticos que pintavam à mão-livre, os adeptos da "stencil art" e os que faziam todos estilos dentro do "graffti hip-hop". Hoje existe uma verdadeira miscelânea, e todos os dias nascem novos artistas das mais variadas influências e opiniões. A escrita reta está sendo apreciada e estudada por diversos estudiosos do Brasil e de outros países. Os próprios escritores de graffiti estão fazendo revistas, vídeos, zines e estão indo para as galerias de arte, e de uma coisa pode-se ter certeza: o graffiti nunca irá morrer.
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